Entre 1842 e 1844, Charles Darwin esboçou sua teoria da evolução por meios de seleção natural como uma explicação para a adaptação e especiação. Ele definiu a seleção natural como um "princípio no qual cada pequena variação [ou característica], se benéfica, é preservada". O conceito era simples mas poderoso: indivíduos mais aptos ao ambiente têm mais chances de sobreviver e reproduzir-se. E enquanto existir algum tipo de variação entre eles, ocorrerá uma inevitável seleção de indivíduos com as variações mais vantajosas. Se as variações são hereditárias, um diferencial no sucesso reprodutivo irá acarretar uma evolução progressiva de uma dada população particular de uma espécie, e populações que evoluem ficando suficientemente diferentes, podendo eventualmente tornar-se espécies diferentes.
As idéias de Darwin foram inspiradas pelas observações que ele havia feito na Viagem do Beagle, e pelas teorias econômicas de Thomas Malthus, que notou que a população (se não supervisionada) crescia exponencialmente enquanto que o suprimento de comida só crescia linearmente; logo limitações inevitáveis de recursos acarretariam implicações demográficas, levando a uma "luta pela sobrevivência", na qual somente o mais apto sobreviveria. Uma vez que a teoria foi formulada, Darwin foi meticuloso em arregimentar e refinar evidências, compartilhando suas idéias somente com poucos amigos; ele foi inspirado a publicar suas idéias depois que o jovem naturalista Alfred Russel Wallace concebeu independentemente o princípio (de seleção natural) e o descreveu em uma carta para Darwin. Os dois resolveram apresentar dois pequenos ensaios a Sociedade Linneana anunciando uma co-descoberta do princípio em 1858; Darwin publicou um relato mais detalhado de suas evidências e conclusões em seu A Origem das Espécies de 1859. Na sexta edição da Origem das Espécies Darwin reconheceu que outros - notavelmente William Charles Wells em 1813, e Patrick Matthew em 1831 – que haviam desenvolvido teorias similares, mas não as haviam apresentado completamente em publicações científicas notáveis.
Darwin pensava na seleção natural por uma analogia com a maneira pela qual os fazendeiros selecionavam sua plantação ou seu gado para reprodução, o que ele chamava de seleção artificial; em seus primeiros manuscritos ele se referia a uma 'Natureza' que iria fazer a seleção. Naquela época, outros mecanismos de evolução como evolução por deriva genética não haviam ainda sido explicitamente formulados, e Darwin percebeu que a seleção era somente uma parte da história: "Eu estou convencido que [isso] tem sido o principal, mas não o meio exclusivo das modificações". Para Darwin e seus contemporâneos, a seleção natural eram essencialmente sinônimo a evolução por seleção natural. Após a publicação da "A Origem das Espécies", pessoas instruídas geralmente aceitavam que a evolução havia ocorrido de alguma forma. Entretanto, a seleção natural permaneceu um mecanismo controverso, parcialmente porque era visto como muito fraco para explicar todo o escopo das características observadas nos organismos vivos, e parcialmente porque até os que apoiavam a evolução frustravam-se com a sua natureza não-guiada e não-progressiva, uma resposta que tem sido caracterizada como o principal impedimento para a aceitação da idéia. Entretanto, alguns pensadores entusiasticamente abraçaram o Darwinismo; após ler Darwin, Herbert Spencer introduziu o termo sobrevivência dos mais aptos, que se tornou um resumo popular da teoria. Embora a frase ainda seja usada por não-biólogos, biólogos modernos evitam-na devido a sua tautologia, se aptos for interpretado como algum tipo de funcionalidade superior e também porque é aplicada a indivíduos ao invés de ser considerada como uma quantidade média sobre as populações. Em uma carta a Charles Lyell em setembro de 1860, Darwin arrepende-se de usar o termo 'Seleção Natural', preferindo o termo 'Preservação Natural'.
Exemplo de Résistencia e Antibióticos
Representação esquemática de como resistência antibiótica é aumentada por seleção natural. A sessão superior representa uma população de bactérias antes de serem expostas a antibióticos. A sessão do meio mostra a população diretamente exposta, a fase em que a seleção ocorre. A última sessão mostra a distribuição da resistência em uma nova geração de bactérias. A legenda indica os níveis de resistência dos indivíduos.
Idade da Pedra
A evolução na técnica de fabricação de utensílios de pedra ao longo da pré-história permitiu estudar e classificar as culturas humanas da idade da pedra. O conhecimento desse período, no entanto, não tem por base apenas os instrumentos produzidos pelo homem, mas também a análise dos restos de hominídeos fósseis, de animais e plantas, de artigos de osso e cerâmica, de pinturas e outros objetos artísticos.
Idade da pedra é o estágio cultural inicial do desenvolvimento humano, caracterizado pelo uso de instrumentos rudimentares feitos de lascas de pedra. Fase inicial da pré-história, divide-se em duas grandes etapas: o paleolítico, ou idade da pedra lascada, e o neolítico, ou idade da pedra polida. Do ponto de vista cronológico, estende-se desde a aparição dos primeiros utensílios que o homem fabricou, há cerca de 600.000 ou 700.000 anos, até a idade dos metais, quando a técnica de trabalhar a pedra foi substituída pela do metal. A idade da pedra compreende aproximadamente 98% do tempo de existência do homem sobre a Terra.
Paleolítico
Durante a primeira época do período quaternário, o pleistoceno ou era das glaciações, os hominídeos evoluíram para espécies de crescente inteligência, capazes de fabricar instrumentos. Os Australopithecus, cujos restos foram encontrados nas regiões leste e sul da África, na China e no Sudeste Asiático, parecem ter sido os primeiros a desenvolver uma primitiva indústria da pedra.
O Homo erectus, cujos restos foram encontrados sobretudo na África, China e Java, desenvolveu ao longo do paleolítico inferior diversas técnicas de entalhe da pedra, conhecidas pelos nomes dos primeiros sítios arqueológicos estudados. A maior parte dos instrumentos desse período corresponde a machados, fabricados pelo choque de uma pedra sobre os dois lados de outra para criar uma borda cortante. Esses machados, originários da África, onde se encontra o importante sítio de Olduvai, na Tanzânia, chamavam-se abbevillenses (do sítio arqueológico de Abbéville) e se difundiram por toda a Europa e a Ásia. Um tipo mais elaborado, fabricado pelo choque de madeira ou osso sobre a pedra, denomina-se acheulense (de Saint-Acheul).
Também é do paleolítico inferior a técnica levaloisense (de Levallois-Perret), que consiste na elaboração das lascas de sílex desprendidas de um núcleo de pedra mediante um golpe preciso. Semelhantes são os utensílios das culturas clactonianos (de Clacton-on-Sea, Reino Unido) e tayaciense (de Tayac).
Os ancestrais do homem moderno que povoavam a Terra no paleolítico médio, iniciado por volta de 125000 a.C., já eram da espécie Homo sapiens. Na África e na Ásia o progresso técnico se deteve na fabricação de machados, enquanto no nordeste do mar Negro e no centro e sul da Europa registrou-se o desenvolvimento de uma indústria mais sofisticada de utilização de pequenas lascas, com as quais se fabricavam instrumentos para raspar, pontas, lâminas cortantes etc. Essa cultura, representada principalmente pela técnica mustierense (Moustier), tem relação com restos do homem de Neandertal (H. sapiens neandertalensis) e se estendeu até a Ásia pela Palestina, o Curdistão, a Índia e a China.
Por volta do ano 65000 a.C., durante a quarta glaciação (Würm), a Europa começou a converter-se em foco da renovação da técnica de fabricação de utensílios de pedra. O paleolítico superior se caracterizou, em primeiro lugar, pela utilização em grande escala dos ossos e dos chifres de animais para fabricação de utensílios muito aperfeiçoados e variados: agulhas, buris, arpões, pás etc. As culturas do paleolítico superior estiveram relacionadas com a expansão do homem de Cro-Magnon e outras raças humanas semelhantes às atuais. A manufatura mais importante do período foi o aurignaciano (Aurignac), cultura que aparece vinculada a formas desenvolvidas de arte e práticas funerárias. Outras manufaturas do paleolítico foram a chatelperronense, semelhante à anterior; a perigordiana; a solutrense, caracterizada pelo retoque na superfície das lâminas; e a magdaleniana. Essa última cultura se destacou pela variedade de objetos de osso, a arte parietal e de mobiliário e pela invenção de um lançador de dardos.
Sociedade paleolítica. Os homens do paleolítico viveram em condições climáticas muito diferentes das atuais. Durante as glaciações, os gelos ocuparam grande parte do hemisfério norte. As regiões de baixas latitudes, que posteriormente se desertificaram, apresentavam então climas úmidos que permitiram o crescimento de densas florestas e variadas espécies de animais.
As comunidades humanas viviam essencialmente da caça, da pesca e da coleta de frutos silvestres. A caça era atribuição dos homens, que saíam em batidas nas quais renas, mamutes, bisontes, cavalos e outros animais eram acossados e apanhados em armadilhas. Os territórios de caça eram coletivos e a posse individual se limitava às armas e adornos pessoais. Habitantes de algumas regiões litorâneas coletavam moluscos, como comprovam depósitos de conchas encontrados em escavações arqueológicas. A coleta de frutos era tarefa feminina. Em geral as populações eram nômades, pois acompanhavam as manadas em seu movimento sazonal em busca de alimento. Viviam em cavernas e abrigos e, em fases avançadas, em choças cobertas de pele.
O nomadismo e a troca de objetos entre comunidades de caçadores permitiram a difusão dos avanços técnicos. Isso possibilitou aumentar cada vez mais a eficácia nas práticas de caça, o que se traduziu no crescimento demográfico e no surgimento de grupos sociais desligados das funções econômicas básicas. Desse modo surgiram as castas dedicadas à interpretação das crenças religiosas e à criação de obras artísticas de significado místico ou simbólico. No paleolítico superior, floresceu uma rica arte pictórica e de mobiliário, quase sempre relacionada a rituais de caça e de fecundidade. Pinturas de animais e cenas de caça como as de Altamira, na Espanha, e Lascaux, na França, e estatuetas que representam obesas figuras femininas, como a Vênus de Willendorf, expressam essas preocupações do homem paleolítico.
Neolítico
Entre 10000 e 9000 a.C. encerrou-se a última glaciação pleistocênica e teve início a época conhecida como holoceno. A mudança climática e as conseqüentes alterações do meio ambiente determinaram o início de um processo de transformação nas formas de vida humana.
Nas latitudes médias e setentrionais da Europa e da Ásia, o desaparecimento ou a migração em direção ao norte de algumas espécies animais adaptadas ao frio obrigaram as comunidades de caçadores a suprir suas necessidades de alimento com maior dedicação às atividades de coleta e pesca. A adaptação cultural às novas condições deu origem ao período mesolítico, que foi uma fase de transição anterior à idade dos metais e à aparição da economia produtiva. O período mesolítico não se verificou nas regiões semi-áridas do sudoeste asiático, na Meso-América, nas encostas litorâneas dos Andes e no sudeste da Ásia, onde se deu uma transição direta das formas de vida do paleolítico superior para a fase conhecida como neolítico ou da revolução agrícola.
A característica fundamental desse novo período, que representou um salto qualitativo na história da humanidade, não foi o desenvolvimento de uma nova técnica, a do polimento, na fabricação de utensílios de pedra, mas a substituição de um tipo de economia predatória pela produção de alimentos. A agricultura e a pecuária possibilitaram a sedentarização e o aparecimento de povoados permanentes, assim como de novos instrumentos, como moedores manuais e facas para cortar ervas. Esses novos utensílios se juntaram aos machados e lanças de caça herdadas da época anterior, que passaram a ser confeccionados com técnicas mais elaboradas. Outro elemento novo do neolítico foram os objetos de cerâmica, originados da necessidade de armazenar e transportar os produtos agrícolas.
A tecnologia de fabricação de instrumentos de pedra durante esse período demonstra a adaptação às novas necessidades. Os instrumentos de caça eram feitos por meio da técnica do polimento, que coexistiu com a antiga técnica do entalhe. As pontas de sílex se tornaram menores para que pudessem ser adaptadas a empunhaduras de madeira ou osso, e assim formar armas mais afiadas e cortantes. As novas formas econômicas determinaram, além disso, a utilização de pedras como o basalto, a calcita, a piçarra e o alabastro na fabricação de grande variedade de objetos: enxadas, maças, almofarizes, fusos, braceletes etc.
Origem e desenvolvimento da revolução neolítica. As primeiras formas de agricultura e pecuária apareceram na região oeste da Ásia, onde a crescente aridez obrigou as comunidades de caçadores e coletores a domesticar alguns animais locais, como o porco, a cabra e a ovelha, e posteriormente o cachorro, a vaca e o cavalo. Também a coleta de frutos foi substituída pelo cultivo incipiente de plantas como o trigo e a cevada.
Provavelmente uma das primeiras aglomerações sedentárias em que se praticou a agricultura permanente foi al-Natuf, na Palestina, onde se encontraram almofarizes, pratos circulares, facas e moinhos junto com peças típicas da economia de caça. Das primeiras aldeias de tamanho reduzido, como a de Jarmo, no Curdistão iraquiano, passou-se paulatinamente a aglomerações maiores, como as da Jericó pré-cerâmica, na Palestina; Hisar-I, no Irã; Hasuna e al-Obeid, no Iraque; e Çatal Hüyük, na Turquia. Essas aldeias, dos milênios sétimo e sexto anteriores à era cristã, já apresentavam alto grau de desenvolvimento arquitetônico e urbanístico.
A vida religiosa se manifestou, em Çatal Hüyük e em Jericó, nos funerais dos sacerdotes, onde apareceram ricos aviamentos, e em numerosas capelas e santuários com pinturas e relevos. O culto da deusa-mãe, herdado do paleolítico, se consolidou nessa época.
Por volta de 5500 a.C., o desenvolvimento das relações comerciais favoreceu o crescimento de aldeias maiores que prepararam o caminho para o surgimento das primeiras civilizações históricas na Mesopotâmia e Egito. No vale do Tigre e do Eufrates, floresceram as cidades de Eridu (5500-5000 a.C.), Halaf e al-Obeid (5000-3700 a.C.), onde se realizaram obras hidráulicas e se praticaram as primeiras formas de metalurgia. No Egito, as cidades neolíticas cresceram a partir do quarto milênio anterior à era cristã. Culturas como a de Badari aceleraram, a partir de 3700 a.C., a passagem para o período histórico da civilização egípcia.
Difusão do neolítico. A partir da região denominada Crescente Fértil -- que compreende o Egito e o Oriente Médio -- a revolução neolítica se estendeu ou surgiu em outras regiões do mundo antigo. Restos de cerâmica, aldeamentos mais ou menos permanentes e utensílios agrícolas comprovam a neolitização, que se concretizou em três direções: para o oeste, o norte e o sudeste. Para o oeste, o neolítico se estendeu por todo o mundo mediterrâneo, com características semelhantes às do Crescente Fértil. No norte da Europa e na Ásia, a agricultura se adaptou aos climas frios, adotaram-se diversos cereais, como o centeio, e se domesticaram bovinos, renas e cavalos. Para o sudeste, a Índia, a Indochina e o sul da China incorporaram espécies animais, como o búfalo, e vegetais, como o arroz, o painço etc., adaptados ao clima tropical. Na Meso-América e nos Andes, a revolução neolítica teve evolução independente entre os anos 5000 e 4000 a.C.